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Programa de inclusão de pessoas com deficiência: como montar um e gerar transformação real?

O programa de inclusão de pessoas com deficiência é um conjunto de políticas inclusivas promovidas por empresas em conformidade à Constituição Federal, que diz que todos são iguais perante a lei, portanto, devem ter os mesmos direitos e oportunidades. 

Até pouco tempo, pessoas com deficiência permaneciam marginalizadas, consideradas incapazes de serem produtivas para a sociedade. Muitas delas permaneciam trancadas em suas casas, sendo cuidadas por familiares e com pouca interatividade com o mundo externo. 

Mas isso vem mudando com a Lei de Cotas; a Lei Brasileira de Inclusão de Pessoa com Deficiência e outras normas que exigem acessibilidade nos transportes, vias e prédios públicos e asseguram acesso à escola de ensino regular; e, claro, programa de inclusão de pessoas com deficiência nas organizações para garantir seu direito ao trabalho e meios de subsistência.

Por outro lado, a atual conjuntura política de nosso país tem regredido em alguns aspectos, como promover a inclusão social de pessoas com deficiência. Em meio a projetos de lei retrógrados que querem barrar programa de inclusão de pessoas com deficiência nas empresas e que estão na iminência de serem aprovados, ainda impera a Lei de Cotas, que obriga as organizações de médio e grande porte, ou seja, que tenham a partir de 100 funcionários, a contratar até 5% de trabalhadores com alguma deficiência.

Cabe a todonscientizarmos sobre a importância da inclusão de pessoas com deficiências nós nos co combater veementemente a privação dos direitos das pessoas de se sentirem produtivas e agentes na sociedade, características elementares da cidadania. 

Por isso, a Santo Caos elaborou este artigo esclarecendo dúvidas sobre o assunto, buscando desmistificar de vez o tema. Para facilitar sua compreensão, dividimos nosso  texto em nove tópicos. São eles:

  1. Programa de inclusão de pessoas com deficiência: há algo errado nisso?
  2. Programa de inclusão de pessoas com deficiência: como contratar?
  3. Como preparar um programa de inclusão de pessoas com deficiência?
  4. Programa de inclusão de pessoas com deficiência: como reter
  5. 29 anos da lei de cotas para pcd: o que mudou?
  6. Contratação de PCD nas empresas
  7. Inclusão e engajamento
  8. Ascensão na carreira
  9. Acessibilidade

 

Inclusão de pessoas deficientes: há algo errado nisso?

A iniciativa do programa em si não. Já o termo… é importante buscar conhecimento para não cair em erros de senso comum. Dizer programa de inclusão de pessoas deficientes é incorreto. Vamos retroceder um pouco na história para compreender como se chegou a isso.

Até o séc. XX, pessoas com deficiência eram chamadas de “inválidas”, ou seja, sem valor, improdutivo. A partir do séc. XX até mais ou menos 1960, esse termo mudou para “pessoas com capacidade residual”, já dando indícios de que essas pessoas são capazes, mas de forma reduzida em comparação com os demais.

Entre 1950-1980, associações como AACD e Apae se consolidam no apoio às famílias de crianças com deficiência, e passou-se a chamá-las apenas de “deficientes”. É nesse ponto que retomamos o uso indevido de inclusão de pessoas com deficiência

Muitas outras mudanças aconteceram de 1980 para cá, na tentativa de igualar os direitos humanos entre pessoas com e sem deficiência. Hoje em dia, após lutas sociais protagonizadas por pessoas com deficiência, a Declaração de Salamanca vem para afirmar que o termo mais adequado e não pejorativo é pessoas com deficiência (PcD).

Programa de inclusão de pessoas com deficiência: como contratar?

Agora que já sabemos a nomenclatura, como começar? Para alcançar objetivos mais assertivos, selecionamos alguns pontos importantes sobre a inclusão social de pessoas com deficiência. Confira:

  • Fazer benchmark com empresa que já trabalham com PcD.

Se sua empresa quer implantar um programa de inclusão de pessoas com deficiência, conhecer empresas que já têm programas ativos pode ser uma boa estratégia.

 Se não for possível, ler a legislação, participar de fóruns e grupos virtuais sobre a inclusão de pessoas com deficiência são alternativas também viáveis. Afinal, aprende-se melhor a partir de experiências positivas e erros de outros. Esse diálogo fará toda a diferença.

  • Mapear sua empresa para possíveis vagas.

Durante o planejamento do programa de inclusão de pessoas com deficiência, é fundamental investigar em quais setores da empresa existe a possibilidade de vagas. A inclusão de fato acontece quando se criam condições favoráveis para aproveitar ao máximo a potencialidade de cada um dentro de suas limitações.

  • Conversar com colaboradores com deficiência.

Pode acontecer de sua empresa já ter PcDs em seu quadro de funcionários, antes mesmo de ter um programa de inclusão de pessoas com deficiência

Esse é a oportunidade para consultar esses colaboradores para saber como eles se sentem e o que gostariam que melhorasse. Essas informações contribuirão – e muito! – no planejamento do programa de inclusão de pessoas com deficiência.

  • Contratar consultoria especializada em recrutamento de PcD.

Mesmo com todos os dados levantados sobre a inclusão de pessoas com deficiência, uma ajuda extra vem a calhar. Existem boas consultorias no mercado especializadas no recrutamento humanizado e eficiente de PcD.

  • Contratar sem ficar focado apenas na cota PcD.

Ficar preocupado em apenas preencher o número exigido de vagas não trará a real inclusão para a sua empresa. O verdadeiro programa de inclusão de pessoas com deficiência é aquele que preza pela qualidade. Por isso, mais uma vez a consultoria especializada será de grande auxílio.

 

Como preparar um programa de inclusão de pessoas com deficiência?

A Santo Caos tem programas que preparam empresas para receberem PcDs e, por isso, selecionamos algumas dicas:

  • Sensibilizar toda a empresa: antes das PcDs começarem a trabalhar, é importante realizar um diagnóstico para mapear a receptividade das pessoas sobre o assunto e, com isso, traçar planos de ação com campanhas, material de divulgação e espaços de diálogo. 
  • Preparar os espaços: tão importante quanto adaptar os espaços físicos do local, é trazer a mesma acessibilidade comunicacional e atitudinal. Só assim é possível garantir a inclusão de pessoas com deficiência.
  • Fazer parcerias externas: órgãos especializados em assistir PcDs, como Apae e a Associação dos Surdos, serão grandes contribuintes ao programa de inclusão de pessoas com deficiência de sua empresa, seja na divulgação de vagas, seja na troca de experiências.
  • Fazer parcerias internas: além da sensibilização, é interessante ter um patrocinador (sponser) do programa de inclusão de pessoas com deficiência internamente.

 

programa de inclusão de pessoas com deficiência: como reter

  1. Ter um comitê interno: para manter o programa de inclusão de pessoas com deficiência funcionando plenamente em sua integridade, o comitê designado ficará responsável por fiscalizar o programa, acompanhar e orientar PcDs na empresa, garantindo a real inclusão.
  2. Entender e promover a equidade: na garantia da igualdade, a equidade compreende que nem todos tiveram as mesmas oportunidades na vida e, por isso, muitos profissionais com deficiência podem chegar nas empresas com menos preparo que os demais. É, por isso, que o programa de inclusão de pessoas com deficiência deve prever a capacitação e planos de desenvolvimentos adaptados a esses colaboradores.

 

29 anos da lei de cotas para pcd: o que mudou?

A Lei de Cotas para pessoas com deficiência (PcD) e reabilitados, criada em 1991, fez aniversário neste mês de julho. Mas o que será que mudou nas organizações com a obrigação de se planejar para a inclusão de pessoas com deficiência e contratar PcD? Será que as empresas passaram a se preocupar mais em engajar esse público a partir da promulgação da lei? Confira a seguir, no nosso artigo de hoje alguns pontos que evoluíram, e outros que nem tanto.

 

Contratação de pcd nas empresas

É fato que as organizações passaram a se preocupar mais em contratar PcD após a Lei de Cotas. Isso porque a legislação foi pioneira ao estabelecer a obrigatoriedade de uma porcentagem mínima de pessoas com deficiência nas empresas acima de 1.000 empregados. Para quem descumpre essa lei, sanções podem ser aplicadas: segundo o Ministério Público do Trabalho, entre 2014 e 2019 foram pagos quase R$630 milhões em multas por não cumprimento da cota.

Pode-se debater se a cota é ou não a melhor alternativa, porém uma coisa é consenso: após essa lei, as pessoas com deficiência passaram a ser menos invisibilizadas. E os números demonstram isso: entre 2009 e 2016, a presença de PcD no mercado de trabalho formal cresceu em 45% (RAIS).

Com a necessidade de realizar a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, suas demandas passaram a ser mais ouvidas. E elas puderam buscar capacitação e ter novas perspectivas de carreira. Hoje, existem inclusive consultorias dedicadas a recrutamento de PcD, mas mesmo após mais de 30 anos da publicação da lei, muitas empresas ainda sofrem para engajar pessoas com deficiência.

 

Inclusão e engajamento

Se por um lado a pressão por contratar aumentou, por outro a qualidade da inclusão de pessoas com deficiência ainda não é uma realidade. Nosso estudo PcD S/A 2.0 (2019) aponta que 54% dos profissionais com deficiência gostariam de deixar seus atuais empregos, indicando que ainda não há muito sucesso em reter essas pessoas.

Isso acontece porque, muitas vezes, o foco está no cumprimento da cota, e não na capacidade dos profissionais. PcD extremamente qualificadas não recebem oportunidades para cargos estratégicos, tendo suas habilidades sub-aproveitadas.Gestores ainda possuem receio de lidar com esses profissionais, caindo no estigma de que, ao entrar na empresa por uma cota, a pessoa não possa ser produtiva.

Apesar disso, as empresas pouco a pouco vão percebendo que incluir vai muito além de somente contratar PcD. E isso passa também pela convivência: gestores que já tiveram PcD na equipe são duas vezes mais propensos a acreditar nas capacidades profissionais dessas pessoas.

Ascensão na carreira

Se as empresas possuem dificuldade para contratar e para reter, é fácil imaginar que, para uma PcD, crescer dentro de uma organização seja um desafio enorme, especialmente se não houver uma atenção a todos os detalhes que garantem a efetiva inclusão de pessoas com deficiência.

Nosso estudo mostra que 77% dos RHs entrevistados nunca viram uma PcD assumir cargos de liderança, em nenhuma empresa onde trabalharam. Mesmo profissionais qualificados veem suas capacidades serem colocadas em dúvida, não por desempenho, mas pela deficiência que possuem.

Assim, é preciso também desmistificar a capacidade de entrega dos profissionais como deficiência. Eles não querem ser vistos como super-heróis, mas sim como pessoas capazes de superar desafios e metas como qualquer outra. E claro, serem reconhecidos por isso: 56% acreditam que não são reconhecidos pelo gestor, e 62% não recebem feedback constante.

 

Acessibilidade

Outro tema que a legislação forçou a acontecer foi a questão da acessibilidade. Porém, as empresas ainda focam na acessibilidade arquitetônica, ou seja, a adaptação de ambientes, instalação de rampas e elevadores etc. É preciso olhar também para a acessibilidade comunicacional: será que as comunicações da empresa são inclusivas? Podem ser compreendidas por todos?

Por fim, um terceiro tipo de acessibilidade a ser trabalhado é o atitudinal. Como a liderança age em relação à inclusão? De que forma transmite isso para suas equipes?

Como vemos, ainda há um caminho árduo a ser trilhado até que as organizações possam se dizer verdadeiramente inclusivas. Isso nos mostra que a inclusão, mais do que um tema humanitário ou legal, é um desafio de engajamento.

A boa notícia é que existem inúmeras oportunidades de melhorar, e a Santo Caos pode ajudar você nessa jornada. Quer saber mais? Fale com a gente!

O que achou de nosso artigo sobre programa de inclusão de pessoas com deficiência? A sua empresa já possui um? Compartilhe sua experiência nos comentários.

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