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O que é capacitismo e como ele afeta as pessoas com deficiência

O que é capacitismo e como ele afeta as pessoas com deficiência?

“As pessoas com deficiência estão invisibilizadas. Quando comecei a aprender a LIBRAS pensava o quanto seria difícil, pois eu nunca tinha visto uma pessoa com deficiência auditiva na vida, mas isso não era verdade, eles eram apenas invisíveis para mim, pois a escola de surdos era na rua de traz da minha casa e ficava em frente a padaria que eu comprava pão todos os dias.
Percebi que em toda a minha vida pessoas com deficiência estavam no meu dia a dia, mas eram invisíveis. A partir de então minha vida mudou completamente.”
(Suzana Figueiredo)

 Capacitismo, o que é?

O capacitismo é o questionamento ou não reconhecimento da capacidade da pessoa com deficiência. Em geral, ocorre quando alguém considera uma pessoa incapaz por conta de suas características físicas, o que pode levar à discriminação, preconceito ou opressão. Ele está focado nas ‘capacidades’ das pessoas sem deficiência como referência para mostrar as supostas ‘limitações’ das pessoas com deficiência.

Alguns dados do capacitismo

De acordo com o Censo 2010, quase 46 milhões de brasileiros, cerca de 24% da população, declararam ter algum grau de dificuldade em pelo menos uma das habilidades investigadas (enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus), ou possuir deficiência mental / intelectual. Se levarmos em conta somente os que possuem grande ou total dificuldade nessas áreas (critério para uma pessoa ser considerada PcD), além dos que declararam ter deficiência mental ou intelectual, temos mais de 12,5 milhões de brasileiros com deficiência, o que corresponde a 6,7% da população (IBGE, 2010).

Veja o estudo completo aqui: IBGE constata 6,7% de pessoas com deficiência no Brasil

Considere os números acima e reflita conosco: quantas pessoas com deficiência estão dentro do seu ciclo social? Não é de se espantar que, a maioria de nós, passe pela vida sem ter (quase) nenhum contato com essa parcela da população brasileira? Podemos ir além se pensarmos retroativamente: com quantas PcD estudamos durante a vida? Quantas foram minhas amigas de fato? Eu convivo com alguma fora do trabalho?

Decerto, se feitas para uma pessoa sem deficiência, as respostas mais comuns para essas perguntas tenderiam a transitar entre o ‘não’, ‘nenhum’ ou ‘0’, com pequenas e não drásticas variações, afinal somos todos frutos de uma sociedade que exclui e invisibiliza o que não está dentro do padrão de normalidade dela. 

Entendi o que é ser capacitista, Santo Caos!

‘Eu sei que não convivo com muitas pessoas com deficiência, mas como eu posso ser capacitista se no meu trabalho, na minha casa e no cotidiano eu nem tenho a chance de conviver com as pessoas com deficiência?’ ou ‘se minha empresa sequer contrata PcD?’. 

E a resposta é simples: porque o capacitismo é, antes de tudo, estrutural. Ele é um tipo de preconceito praticado, muitas vezes, sem as pessoas se darem conta ou, até mesmo, sem que elas tenham a intenção de fazê-lo. O capacitismo não diz só respeito ao ato discriminatório isolado (como xingar pejorativamente alguém) ou até mesmo um conjunto de atos dessa natureza. Ele representa um processo histórico em que condições de invisibilização e exclusão de pessoas com deficiência são reproduzidos nos âmbitos políticos, econômicos, culturais e, principalmente, nas relações cotidianas.

Por exemplo. A taxa de participação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho é de 28,3%, menos da metade do índice registrado entre as pessoas sem deficiência, que é de 66,3% (CNJ, 2022). Quando falamos de ensino superior os números são ainda mais alarmantes: apenas 1% do total de matrículas em graduação no país são de estudantes com deficiência (CORREIO DO POVO, 2021).E olha que entre 2010 e 2019 esse índice cresceu 144,83%, hein?

Logo, combater o capacitismo é, antes de tudo, acostumarmo-nos a fazer o teste do pescoço. 

E você sabe como fazê-lo?

Quando você estiver presente nos ambientes que normalmente frequenta (trabalho, faculdade ou espaços de lazer), com a ajuda do seu pescocinho, gire a sua cabeça para os dois lados e conte quantas pessoas com deficiência há nele para representar essa parcela da população do país. E mais: há, também, acessibilidade arquitetônica (presença de rampas, banheiros adaptados, elevadores adaptados, piso tátil etc.) para recebê-las lá?

A ideia é que desejemos, exijamos e nos acostumemos com pessoas com deficiência em todos os espaços e dimensões da vida pública. De modo que possamos combater o capacitismo e possibilitar que elas estejam presentes em quaisquer lugares em que queiram estar. 

Não dá para deduzir que as pessoas com deficiência não estão no mercado de trabalho porque não querem, não é? Esses espaços, quando não estão adaptados ou prontos para recebê-las, tendem a criar situações que as oprimem ou expõe suas dificuldades, gerando barreiras e criando constrangimento. Imagine você trabalhar em um ambiente que reforce suas dificuldades ao invés de potencializar suas qualidades?

E mais. Essa falta de acessibilidade não é só arquitetônica. As pessoas e suas atitudes são ferramentas importantes (talvez a mais) que também fazem parte da criação de um ambiente inclusivo, afinal elas referem-se à percepção do outro sem vieses, preconceitos, estereótipos e discriminações. As barreiras atitudinais criam, portanto, comportamentos que impedem ou prejudicam a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas.

‘Ah, beleza, Santo Caos! Agora eu estou entendendo melhor o que é o capacitismo e como ele se manifesta estruturalmente. Decidi que eu quero fazer a diferença e participar desse processo de transformação! Como eu posso ter atitudes mais inclusivas no meu trabalho?

Aqui vão algumas dicas para você!

  • Trate as Pessoas com Deficiência com educação, respeito e delicadeza – como faz com qualquer pessoa.
  • Evite assumir que a pessoa com deficiência é definida pelos extremos: coitadinha ou exemplo de superação.
  • Também evite ignorar a deficiência. É como ignorar a característica de uma pessoa. A deficiência é uma característica e não deve ser superada e nem protegida.
  • A regra para errar menos é sempre perguntar: que tipo de ajuda ou adaptação você necessita? E complementar com outra pergunta: como posso lhe ajudar?
  • Procure conhecer sobre o(a) profissional. Demonstre interesse mas não seja invasivo(a)!
  • Estabeleça uma relação de confiança e empatia: tenha uma postura de acolhimento e seja um bom ouvinte.
  • Não faça comparações: cada um(a) tem seu valor. A presença de um profissional com deficiência pode despertar qualidades e sentimentos em todos(as)!

Ah, e não se esqueça da regrinha de ouro:

O termo “Pessoa” vem antes de “deficiência”, ou seja, ela é uma pessoa que deve ser respeitada independentemente da sua condição. Deficiência não é sinônimo de doença ou ineficiência. A deficiência é apenas uma das muitas características de alguém, que não pode invalidá-la ou inviabilizá-la em nenhuma circunstância. Por isso a inclusão é, literalmente, trazer as pessoas para um espaço no qual possam viver e participar de todas as dimensões da vida.

Por fim, se o que você está procurando é combater o capacitismo no seu ambiente de trabalho, procure-nos! A Santo Caos está pronta para te ajudar com as melhores práticas do mercado: desenvolver profissionalmente os talentos com deficiência da sua empresa; ampliar a cultura de inclusão; fomentar a troca de experiências; promover acessibilidade e condições equânimes para que profissionais com deficiência possam, com segurança e autonomia, ingressar, se desenvolver e acessar quaisquer oportunidades e posições de liderança.

Dê uma olhada neste conteúdo, onde abordamos sobre: Inclusão da pessoa com deficiência intelectual no mercado de trabalho

Nossa ambição é que a pessoa com deficiência possa ser considerada em sua integralidade e, ao mesmo tempo, em sua individualidade, tendo respeitada a pluralidade delas em termos de diferenças culturais (características que adquirimos ao longo de nossas vidas), de identidade (características que trazemos como essência e não podem ser mudadas) e de experiências (ligada às oportunidades que temos ao longo da vida e a profissão).

A luta contra o capacitismo é uma batalha que deve ser travada por todos nós. Seja em pequenas ações cotidianas ou em grandes mudanças de políticas públicas e empresariais, todos temos um papel fundamental na promoção da inclusão e da igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência. E se você quer se engajar nessa causa e fazer a diferença, não deixe de conferir o blog da Santo Caos, lá você vai encontrar uma série de artigos e conteúdos que abordam temas como diversidade, equidade de gênero, raça, acessibilidade e muito mais. Acesse agora mesmo e faça parte dessa luta pela igualdade de oportunidades e respeito às diferenças!

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