Culturas organizacionais autocráticas são aquelas em que há a presença forte da autoridade na figura de um “chefe”, ou seja, a hierarquia é marcante e a gestão é totalmente vertical. Nessas empresas, o poder de decisão é muito concentrado na figura do líder, existe pouca flexibilidade, um enorme respeito às regras e baixíssima tolerância ao erro.
Empresas Autocrática (vulgo Tradicionais)
Em empresas mais tradicionais e com muitos anos de mercado esse estilo costuma ser mais comum. Isso porque as características de comando e controle são típicas de outros tempos, onde as relações de trabalho eram muito no formato “manda quem pode, obedece quem tem juízo” e de quando não existiam demandas relacionadas a uma gestão mais humanizada, com mais flexibilidade, reconhecimento e valorizando uma relação que coloca em primeiro lugar as pessoas.
Os Estilos de Cultura e a Cultura Autocrática
Nesse texto apresentamos os estilos de cultura que usamos nos nossos diagnósticos para entender a percepção da cultura e também a cultura desejada. Olhando para a imagem abaixo, arrisco dizer que a cultura autocrática estaria posicionada como mostra o radar, em preto. Ou seja, uma cultura com quase nada dos estilos dos quadrantes superiores, e muito mais centrada nos estilos dos quadrantes inferiores.
Explico:
Cultura autocrática x Propósito e Acolhimento (também chamada de Cultura de Apoio)
Os estilos de Propósito e Acolhimento falam de uma cultura com muita colaboração, trabalho em equipe, interdependência e senso de propósito – ou seja, as pessoas enxergam um significado maior naquilo que fazem. Na cultura autocrática, ao contrário, o poder é muito centralizado (o que não combina com trabalho em equipe e decisões conjuntas) e há pouco senso de propósito, já que a palavra final vem de cima e resta às pessoas apenas obedecer sem necessariamente enxergarem um sentido no que está sendo feito.
Cultura autocrática x Prazer e Aprendizado (também chamada de Cultura de Inovação)
Estes dois estilos relacionam-se mais com a flexibilidade do que com a estabilidade, por isso, os ambientes costumam ser informais e com mais experimentação do que regras. Além disso, são estilos com forte tolerância ao erro, até pela compreensão de que ele faz parte do processo de inovação. A cultura autocrática, ao contrário, pauta-se por uma busca por estabilidade. Nela não há espaço para questionamentos, experimentações e o erro é evitado ao máximo e, quando acontece, é punido.
Já os estilos de Ordem, Segurança, Autoridade e Resultados (os dois primeiros chamados também por Cultura de Regras e os outros dois, Cultura de Objetivo) traduzem um estilo com maior foco na estabilidade.
E aí existe um pouco de todos eles: Regras e Segurança estão muito presentes, já que essa cultura é pautada por manter tudo sob controle, evitando os riscos e exigindo que as pessoas cumpram as regras e os processos à risca. São ambientes rígidos e as pessoas têm pouco espaço para questionar ou criar.
O estilo de Autoridade aparece forte porque este é um tipo de cultura onde o respeito à hierarquia é muito marcante, o que também acontece nas culturas autocráticas. E resultados compõe o radar porque nele a produtividade, o ganho financeiro e o alcance das metas é mais importante do que o trabalho em equipe e a boa relação entre as pessoas.
Liderança autocrática
Não é difícil imaginar como é o estilo de liderança numa cultura autocrática, depois do que foi apresentado sobre ela. Mas vamos lá: em culturas assim, temos muito mais a presença de “chefes”, do que o que chamamos de “líderes”. Contrariando as tendências atuais, de maior humanização, autonomia e criatividade, os chefes dão pouco espaço e querem ter controle sobre tudo. Existe um microgerenciamento e a eles cabe o papel de comandar enquanto que aos funcionários, a obrigação de obedecer.
São comuns neste tipo de liderança:
- Comunicação de via única e pouquíssimo espaço para os funcionários se expressarem ou opinarem
- Decisões centralizadas e pouquíssima ou nenhuma participação dos funcionários
- Excesso de controle e microgerenciamento
- Baixa inovação, já que não há abertura para erro e as regras sufocam a criatividade
- Postura autoritária e excesso de hierarquia
- Alta dependência do líder
Os benefícios de uma cultura organizacional autocrática
Depois de todas essas características problemáticas, é possível falar em benefícios deste tipo de cultura?
Como mencionei, a cultura autocrática vai de encontro às novas relações de trabalho e às novas demandas sociais e de mercado. Por isso, é um modelo que não é muito incentivado. No entanto, é possível observar algumas características positivas, dependendo do contexto:
- Clareza de regras e processos: por ser uma cultura baseada em regras, as empresas costumam ter manuais e guias que facilitam as pessoas a seguirem os processos
- Ainda falando em clareza, é um tipo de cultura onde há definição clara das metas e das formas de reconhecimento. E eles serão todos medidos, provavelmente, pela produtividade.
- Como as decisões são centralizadas, elas acabam acontecendo de maneira mais rápida. Isso pode ser muito importante em momentos de crise, ou então em empresas que lidam com situações de emergência.
Por fim, como gostamos de reforçar, não existe um estilo de cultura organizacional melhor que o outro. Assim, uma cultura mais voltada para os quadrantes inferiores do gráfico de estilos pode ter sucesso. A diferença está no equilíbrio destas características, que no caso das empresas autocráticas, podem ter funcionado por muito tempo, mas talvez hoje deixem de ser atrativas para o mercado e para possíveis funcionários.
E aí, reconheceu a sua empresa nestas características? Quer equilibrar melhor os estilos de cultura por aí?
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